Visão sistêmica – do átomo à solução de problemas

Uma das maiores dificuldades identificadas nas empresas é como “ensinar” os colaboradores a resolver problemas. Existe uma fórmula mágica para que todos aprendam? Obviamente que a resposta é não, mas algumas práticas e métodos ajudam a desmitificar a insolvência dos problemas. É claro que todo problema terá uma solução, com maior ou menor assertividade.

Entre os vários termos da literatura pertinente à administração, encontramos a visão sistêmica, que, desconsiderando o modismo do emprego do termo, vem a ser uma excelente percepção e prática para lidar com obstáculos e problemas numa empresa. Ela é um ingrediente importante para formar uma nova consciência do profissional sobre seu trabalho e sobre a empresa e pode também ser o diferencial para se tomar ações mais assertivas no dia a dia.

No conceito da visão sistêmica, diferentemente da base atomista em que se avaliavam os problemas antigamente (atomista no sentido de átomo mesmo, de fragmentar o todo em inúmeras micro partes) busca-se estudar e entender os de que maneiras as partes interagem e compõem o todo, bem como quais seriam os impactos desses nesse todo. Já no conceito é possível perceber o equívoco de práticas que perduram até hoje, embasadas no estudo de pequenas estruturas da organização, sem levar em conta que isso faz parte de algo muito maior.

E é preciso ir além. Falar em visão sistêmica, seja de processo ou de solução de um problema, é determinar que a análise vai obrigatoriamente passar pela compreensão de que existe um todo, resultante da união de vários subsistemas, fases ou acontecimentos, porém, que esse todo é maior e mais complexo do que simplesmente o resultado dessa união.

Fazendo uma analogia social, temos os grupos a que pertencemos. Se fazemos parte de uma associação comunitária no nosso bairro ou município, devemos pensar essa organização como o resultado da união de várias pessoas, mas com um propósito muito maior do que as intenções pessoais de cada membro. Sua constituição tem uma finalidade, mas a sua existência e estrutura acabam por agregar outros sentidos que não somente a simples união de pessoas. Esse todo aqui contextualizado terá características peculiares e próprias, não encontradas nos seus “átomos”.

   Não ter uma visão do todo impede que haja uma maior compreensão da realidade. Não ter uma compreensão da realidade interfere na qualidade das decisões e no aproveitamento das oportunidades. O pensamento sistêmico apoia o processo de resolução de problemas tomando como base o todo, em vez de decompor o problema em pedaços e procurar entender cada parte.
(TRANJAM, 2001, p.4)

 

Para uma organização, a visão sistêmica pode ser entendida como a maneira que essa organização se percebe como um sistema integrado, levando em conta todas as instâncias ligadas a ela e seus públicos de interesse, direta ou indiretamente afetados por suas ações. Portanto, é preciso compartilhar essa noção fundamental de que as pessoas são parte da organização, qual o valor de suas ações em cada tempo, a forma como se relacionam e a importância de estarem integradas para o perfeito funcionamento desse sistema chamada empresa.

Sistematizando uma nova prática

A visão sistêmica pode ser desenvolvida como uma competência, pelas mesmas vias que se desenvolvem outras como liderança e trabalho em equipe, por exemplo.

 

Alguns exercícios podem ser adicionados às práticas educacionais, seja em treinamentos presenciais, virtuais, games ou outras oportunidades de troca de conhecimento:

  • Análise de problemas, como cases, identificando nestes os momentos e as atitudes que foram tomadas e que levaram ao surgimento de problemas. Esse exercício é importante para que se entenda as decisões ou omissão de decisões que trouxeram as consequências indesejadas;
  • Criação de cenários de comparação com paralelos entre atitudes tomadas naquele cenário e consequências possíveis diante de outras atitudes mais assertivas;
  • Com base nesses cases, é ideal incentivar a criação de cenários futuros, abordando temáticas estratégicas para a atividade do colaborador, fazendo com que ele analise possíveis problemas oriundos de sua atuação no presente, pese suas responsabilidades e elenque escolhas que podem evitar esses eventos indesejáveis futuramente.

Fonte: Educação na Empresa